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Bertrand Russell e Freud contra o dogmatismo religioso e a falsa ética cultural

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Além do caminho pelo qual formularam suas literaturas, Bertrand Russell e Sigmund Freud possuem em comum também a admiração de Albert Einstein, que lhes dedicou capítulos exclusivos em sua autobiografia. Ao lê-la, me veio a necessidade de relacioná-los em uma só postagem. Einstein considerava Russell um dos poucos escritores científicos que lhe proporcionou momentos de satisfação, enquanto que a "paixão pela verdade" era uma das características que o físico atribuía a Freud, e a relação que o psicanalista fazia entre os instintos de luta e a afirmação da vida enchiam os olhos de Einstein. Russell sempre utilizou-se da pertinência lógica para analisar conflitos, conceitos e visões. A ideia de impulso criativo e impulso possessivo muito lhe aproxima de Freud, que parece ser um espelho para alguns de seus escritos.  Em  "No que Acredito" , o filósofo nos brinda com um resumo de suas conclusões sobre religião, moral e ética. Suas posições, muitas vezes, vão de encontro ...

Entre a reorientação ideológica de Murray Rothbard e o realismo político de Isaiah Berlin

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  A abordagem de dois lados de uma mesma moeda: talvez esta possa ser a analogia mais pertinente acerca da motivação de escrever a respeito do teórico social Isaiah Berlin junto do matemático Murray Rothbard. Os dois partem para lados aparentemente distintos, mas com uma mão numa ferramenta em comum: a liberdade do real liberalismo. Se pudermos elencar um elo convergente entre os dois autores em questão, este não fugiria do singelo e por vezes exagerado otimismo (que pendia mais a Rothbard, é verdade), além da capacidade de ambos navegarem contra as correntes do rigoroso status quo. Rothbard e Berlin realocam noções que eram, e ainda são internalizadas em um nível profundo do entendimento da majoritária parte dos leitores convencionais. Isaiah Berlin Conceitos Para tanto, Rothbard, em sua obra  Esquerda e Direita , descreve razões pelas quais nos definimos em certo lado do espectro ideológico, rotulando não só os outros como a nós mesmos, sem ceder a devida atenção às alteraçõ...

O perigo da submissão em "Nos Cumes do Desespero", de Emil Cioran

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Emil Cioran certamente possui seu nome tatuado nas entranhas do niilismo contemporâneo. A visceral escrita do filósofo romeno emana uma paixão melancólica abissal. Escrito quando tinha apenas 22 anos, "Nos Cumes do Desespero" marca a entrada ao universo niilista pelo jovem autor, vencedor do Prêmio Jovens Escritores. O lirismo robusto e pessimista do autor convida o leitor a uma divagação sem censuras pelo mais obscuro dos caminhos existenciais. Não obstante, o enfoque central aqui se pauta nas divagações mais anímicas, relacionadas ao sujeito do lirismo. Dono de uma dissertação pesada, intimista e complexa, o escritor romeno trata de dezenas de temas inseridos no escopo espiritual. O ser lírico, a agonia, a irracionalidade cosmológica, o desespero, o grotesco, a morte, a melancolia, a lógica, o acaso, etc. Todos os temas se confluem a uma necessidade de maturidade absurdamente estranha para um garoto, detentor de uma escrita pesada, difícil e repleta de alegorias. Ao final d...

Dostoiévski e Tolstói: o ponto de (des)encontro em duas obras essenciais

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O primeiro ponto que o leitor deve se atentar para tal correlação é o fato de que as duas histórias são diametralmente opostas quanto à direção seguida pelos personagens.  Enquanto o personagem dostoievskiano caminha de uma percepção existencial repulsiva para uma nova percepção, Ivan Ilitch, idealizado por Tolstói, vai de alguns sorrisos para as lágrimas, que representam a tragédia espiritual do personagem. Não obstante, as duas obras possuem reflexões pesadas e tortuosas, até mesmo a do suposto "final feliz" Algumas confluências no meio do caminho evidenciam as minudências comuns não só à literatura dos dois, mas à literatura russa do século XIX, que respingou inúmeras influências ao existencialismo do século XX "A Morte de Ivan Ilitch", por Liev Tolstói: A poesia escrita de Liev Tolstói sempre despertou um singelo entusiasmo, embora suas histórias quase sempre possuíssem um quê de angústia. "A Morte de Ivan Ilitch" é uma dessas.  Nessa narração, Tolstói...

James Clerk Maxwell: as leis do revolucionário e maior físico teórico da história (PARTE II)

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AS EQUAÇÕES DE MAXWELL É aqui que as coisas começam a se embelezar (até mesmo para os medrosos das fórmulas da física, que vão ser bem elucidadas aqui, prometo). Maxwell reuniu toda a história e conseguiu o que um antigo professor meu chamava de "fazer o eletromagnetismo caber no bolso". Antes de olhar as quatro equações que fundamentam todo o eletromagnetismo, devo ressaltar logo de início: as duas primeiras equações descrevem o funcionamento "isolado" da eletricidade e do magnetismo, respectivamente; as duas últimas elaboram, finalmente, o princípio eletromagnético unificado.   Os campos magnéticos e elétricos, e suas respectivas forças, são uma medida vetorial, ou seja, possuem direção, módulo e sentido. São dinâmicos, ou melhor, eletrodinâmicos. Dizemos que as equações de Maxwell podem ser divididas em dois grupos: o grupo dos dois primeiros é ligado à carga (divergente) ; o grupo dos dois últimos são ligados à indução.  Vamos a elas: Antes que o leitor se dese...